Passei todo esse tempo sem publicar, pois eu estava com um bloqueio de escritora e isso é tão chic de se falar e tão trágico na mesma proporção. Eu até tinha uns textos prontos mas nem conseguia reler para publicar, o negócio estava feio, tão feio que eu não faço ideia de onde partiu esse bloqueio, mas enfim, acho que estou me restabelecendo e vou deixar aqui "meus versos simples" de um coração complicado.

Hoje pela manhã como sempre faço, preparo o café e me sento no escritório e assim começo a maratona das edições e tratamentos das fotos e filmes de parto, durante esse processo eu só sou produtiva ouvindo alguma coisa. Então sempre começo o meu dia com as pregações do Ed René, e como sempre é um tiro no meu coração, pela simplicidade que esse homem comum fala do evangelho de Jesus.

Só que por dentro eu estava incrivelmente irritada, pois eu estava tratando um trabalho que por sua vez eu sentia a sensação que fui feita de boba, só que ao mesmo tempo eu agradecia por ter a oportunidade de trabalhar com que eu gosto e grata também por aquela mensagem da IBAB.

A minha cabeça é acelerada, pra não dizer ansiosa. Eu consigo fazer tudo e prestar atenção em tudo, pelo menos parece que dá certo. Durante todas essas tarefas eu comecei a lembrar de muitas outras vezes que tive essa mesma sensação, e então eu mudava a postura e ia melhorando. Já escrevi em outros textos uma frase do Jean Paul Sartre " Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Na mesma hora que essa frase me veio na cabeça eu me dei uma bronca, pois eu tenho 33 anos de muita história e responsabilidade. Me corrigi e me abracei, e me veio a frase do título: Eu nunca tive medo de ser trouxa.

Não pela humanidade dos outros, mas a sensação de poder estender a mão e fazer o que precisa ser feito sempre me atraiu, sempre me arrepiou os cabelos se é que posso me expressar assim. E graças a Jesus, sempre cruzei com pessoas nessa mesma vibe, me sinto abençoada por isso! E falando Nele, se hoje ele estivesse entre nós como homem, vivendo nessa realidade atual do mundo, como seria o apelido dele? Trouxa ou besta por amar demais? Ruim por ser justo demais e não poder voltar atrás na sua palavra? Enfim...

Só sei que parei o que estava fazendo, e comecei a escrever...

Semana passada eu conquistei uma coisa que estava lutando muito para ter, através de uma parceira consegui, enfim e ufa! Depois ouvi dela "eu fiz o que precisava ser feito!" Uma frase para corajosos não?! E aquela coisa né, essa atitude constrange quem recebe e fortalece quem faz e ponto. Aos poucos fui me confortando e ressignificando a minha sensação de boba, naturalizei a raiva que senti pois sou humana e segui plena, pois naquela situação eu fui tão corajosa e fiz o que precisava ser feito.

Apesar da minha humilde opinião, e nem sei também se ainda tenho o meu lugar de fala, mas Deus está na vida, no dia a dia, naquele amor prático comum e ordinário de cada dia vivido neste mundão. Tem uma música do João Gilberto que diz "o amor é a coisa mais triste quando se desfaz" entendendo isso eu posso afirmar que, não se desfaça! E se o outro não prestar, preste você e fim!

Eu não sei se é justo comigo esse termo "trouxa" pois o significado real desta palavra é bem pejorativa mas às vezes é preciso atribuir sentido às nossas atitudes, às vezes é preciso fazer o que precisa ser feito, sendo trouxa ou não é isso que traz sentido para a minha vida, isso é viver de verdade.